Você lembra de quando estava aprendendo matemática na escola? Como foi para você? Em muitos casos, a aula de matemática era um ambiente em que os estudantes “aprendiam” fórmulas de maneira opaca, sem entender o porquê. Nessas aulas, o estudante automatizava e memorizava. Mas, como enfocamos no artigo sobre praticar ou não praticar, repetir algo até memorizar não garante a aprendizagem.
Felizmente, há outro tipo de aula de matemática: um ambiente de acolhimento onde os erros são aceitos e se celebra a participação de todos, onde não só trabalhamos com conteúdos (numeração, geometria, etc.), mas também com competências (raciocinar, resolver problemas, etc.). Nessas aulas, os estudantes veem o mundo através das lentes da matemática.
Embora agora existam normas escritas (como a espanhola LOMLOE e a BNCC no Brasil) destinadas a incorporar as competências na sala de aula, elas sempre foram trabalhadas nas melhores aulas de matemática, lado a lado com o conteúdo. Portanto, não é nenhuma surpresa que cada vez mais docentes valorizem o ensino por meio das competências. Eles entenderam que a base do conhecimento é aprender por meio do entendimento, e não da repetição.
Atividades baseadas em competências e problemas matemáticos
Uma atividade baseada em competências é aquela que revela as competências matemáticas, ou seja, a forma como se aprende o conteúdo. Geralmente, a atividade parte de um problema, uma pergunta, um desafio para o qual não temos uma estratégia predeterminada de resolução.
Uma situação contextualizada do tipo tradicional (por exemplo: “Em um ônibus viajam 17 pessoas e, em uma parada, sobem outras 4; quantas pessoas haverá no ônibus?”) não deveria ser um problema, pois geralmente há um caminho bem definido para chegar à resposta e isso não implica um desafio. Mas, isso não significa que não podemos propor situações contextualizadas na sala de aula. Elas são fundamentais para trabalhar com as operações aritméticas básicas, a compreensão leitora e as conexões com a vida cotidiana.
Em uma sala de aula…
Vamos imaginar uma sala de aula onde o docente apresenta uma atividade com cartões que vão do número 1 ao 9 e pede à turma que pegue dois deles e some seus dígitos. Depois de praticar um pouco, o professor ou professora pergunta: “Se pego dois cartões ao acaso, quais resultados posso obter?”. Neste momento, a criança deve perceber que existe mais de uma solução e pensar em estratégias para encontrar todas elas, sem esquecer nem repetir nenhuma.
Nesse tipo de enfoque estão implícitas as ideias básicas do processo de Resolução de problemas (compreender o enunciado, criar estratégias de pensamento sistemático e exaustivo, comprovar a solução, etc.) e, ao contrário das situações contextualizadas, não é possível automatizá-lo. Matemática é criar, imaginar, buscar estratégias… e se divertir descobrindo o mundo!
Vemos que a orientação do professor ou professora é muito importante para que a criança aprenda a questionar-se. Por isso, devemos fomentar um bom ambiente de resolução de problemas na sala de aula. Devemos criar situações abertas nas quais o estudante possa analisar o que ocorre e ir mais além. Se uma tarefa faz com que o estudante se faça perguntas, temos um ótimo indício.
Nós, docentes, como modelos, devemos gerar essas situações e colocar as perguntas no centro do aprendizado. E, sobretudo, devemos comemorar e valorizar quando um aluno apresenta uma boa pergunta.